Laura recebeu aquela notícia com total incredulidade. Ficou olhando para a irmã sem conseguir mover um músculo – só os da mão, que seguraram mais firmes as de Lauren. Milhares de coisas começaram a passar pela sua cabeça, desde a promessa para a mãe de que Lauren ficaria bem na cidade grande até certezas sobre o seu próprio casamento.
Finalmente conseguiu murmurar algo:
– Há quanto tempo? – disse com voz baixa e rouca
– Talvez três, quatro meses...
– Talvez três, quatro meses...
Laura largou as mãos da irmã e puxou a blusa de Lauren para cima, com força, para tentar ver a barriga.
– Ai! – Lauren gritou
– Meu Deus! – Laura cobriu a boca com as mãos – você está mesmo grávida, Lauren!
Lauren era uma menina miúda, portanto a barriga de quatro meses era apenas uma protuberância bem em cima do seu ventre. Mal se notava, no frio do inverno.
– De quem é?
Lauren ajeitou-se e virou o rosto para a irmã.
– É de um cara... que eu conheci numa festa. Eu nunca mais vi ele, juro!
Laura pôs as mãos na cabeça bufando:
– Ai, caramba Lauren! Eu tenho milhares de coisas pra me preocupar e você me arruma mais uma dessas! Você não sabe se cuidar não menina?
– Ei! Não grite comigo! Você não sabe de nada! – bateu a porta do banheiro e Laura voltou para a cama.
Mesmo que não fosse dormir, que mais podia fazer por hoje?
Era cedo da manhã e Issac já estava parado na frente do apartamento de Laura, com dois cafés expressos. Lia o Jornal, escorado na grade. Laura acordou e nem viu sua irmã. Olhou pela janela e viu Ike parado. Se vestiu as pressas e desceu.
– Bom dia, noiva! – Issac sorriu entregando o café – Por conta da Casa.
– Bom dia... – ela suspirou um pouco – Obrigada.
– Noite difícil?
– Com a Lauren em casa? Hã, sempre.
– Adolescentes entrando na idade adulta... Não sei o que é pior: isso ou a puberdade.
Laura riu e eles entraram no carro.
– Vamos pegar Mark? Achei que estariam juntos.
– Ah, infelizmente, não vai ser dessa vez que você vai conhece-lo. Ele não vem.
Ambos estavam ansiosos por esse dia, há tanto não se viam e logo de cara passariam o dia todod junto. Embora tivessem vontade de se abraçar e conversar muito sobre suas vidas, continham-se, sem motivo aparente, como se o que existia na sua antiga amizade estivesse extinto.
Não demoraram muito a chegar na fazenda, que ficava na saída da cidade.
– Uau! Esse lugar é... maravilhoso! – Issac disse, admirando a paisagem – E veja só, além dos cavalos pode-se ver um pedaço da cidade! Isso é o máximo! – Sorria verdadeiramente
– É, é sim. –Laura riu de Issac – Ei, posso saber porque você decidiu trabalhar com isso?
– Anh, sei lá, sou bom nisso. – ambos riram –Eu vim pra NY sem dinheiro, acabei trabalhando como faz-tudo na Casa. Depois alguém reconheceu meu talento.
Ficaram em silêncio sentindo o vento.
– Devia ver esse lugar à tardinha – Laura disse.
– Acho que esse lugar é perfeito. Eu mesmo me casaria aqui.
Laura olhou para aquele homem ao seu lado, alto, bonito, forte, bem-alinhado, cheiroso e sensível. Nem sempre foi como o vira, mas talvez, essa fosse sua verdadeira alma. Era um homem completo.
E então, o sorriso borrou-se pela lembrança de Charlotte decretando que ele era gay. E geralmente, Charlotte tinha um bom faro pra esse tipo de coisa. Então, ela sacudiu a cabeça e pensou: "nada melhor do que um amigo gay para arrumar minha festa de casamento! Nada pode dar errado!" E institivamente enganchou seu braço ao de Issac e olhou para ele, como quem olha para uma grande descoberta e disse:
– Posso te chamar de Ike, querido?